HIDROTERAPIA: O VELHO, QUERIDO E MARAVILHOSO “ESCALDA PÉS”.

Quando falamos de hidroterapia nos referimos ao tratamento feito com água sob suas diversas formas e temperaturas.
Há uma enorme quantidade de literatura que fala sobre a história do uso da água com fins terapêuticos. Historias que vão de 2600 AC e que percorrem quase todas as culturas antigas.
Manuscritos, ruínas arqueologias, fontes, etc., dão recados do seu uso com fins medicinais recreativos e até rituais. Mas foi nos séculos XVIII, XIX e XX que retomam um papel preponderante dentro das filosofias e propostas naturalistas.


Um dos ilustres precursores do uso da hidroterapia do século XIX foi Sebastian Kneipp (Stephansried, 17 de maio de 1821 — Bad Wörishofen, 17 de junho de 1897), sacerdote católico e defensor do naturismo que se dedicou ao estudo profundo da hidroterapia. Foi diretor das termas de Bad Wörishofen e criador da Terapia Kneipp, a que ainda se usa como proposta terapêutica (e agora também dentro da estética) absolutamente válida e saudável.

Seus métodos, conhecidos ainda hoje como a "cura Kneipp", incluem no só os banhos parciais e totais de água principalmente fria, como também “jatos” de água, vapor, aplicação de panos molhados, fricções, exercícios físicos, uso de ervas medicinais e uma dieta saudável. 

Hoje, na prática de consultório naturopático, não oferecemos  instalações hidroterapêuticas para realizar em forma ambulatória ou de internação trabalhos com água, assim como se faz em instalações como, por exemplo, o Hospital Oasis Paranaense.
Por isso recomendamos a nossos clientes algumas das formas hidroterapêuticas mais fáceis de realizar em casa, com os meios e utensílios que todos temos a disposição no nosso lar: Água (principalmente... claro!), bacias, ervas, algumas sais, e boa disposição.

Um dos exercícios de hidroterapia mais conhecidos, úteis e fáceis de realizar em casa e o tradicional “Escalda pés”, para o qual só se necessita água quente e fria, duas bacias e um relógio. Mas, não se engane! É simples, mas, é muito efetivo no que propõe.


ESCALDA PÉS

Hoje podemos encontrar sob o nome de “escalda pés” uma quantidade de “banhos de pé”, com aromas, sais de banho, bolinhas de gude, óleos, ervas, pedras e flores. Alguns mais tecnológicos com bacias que vibram, eletrolisam ou que esquentam. Outros de água morna ou fria e quase todos procurando o alivio do estresse, o relaxamento muscular e ainda melhorar a consciência corporal, a conexão com o Eu superior e propiciar estados meditativos o vibracionalmente curativos.

Acredito que estes banhos de pés são maravilhosos e eficientes em todas suas formas de aplicação, mas, em todos estes casos, não estaríamos falando de “Escalda pés”, já que como nos diz seu nome, este tipo de exercício com água se faz para “escaldar” o pé.

Bom... Não literalmente... Claro!

Mas, a ideia é que exista uma boa diferencia de temperaturas em um banho alternado de água quente e fria, sem importar o efeito imediatista de conforto e relaxamento, pois esses fins também serão atingidos no passar das horas após a realização do que chamamos de verdadeiro escalda pés.

Os benefícios do escalda pés são inúmeros:
  • Regula a temperatura corporal
  • Relaxamento muscular
  • Revitalização
  • Melhora o descanso noturno (quando feito antes de deitar)
  • Melhora e ativa a circulação venosa arterial
  • Melhora problemas de pele
  • Ativa a função renal
  • Fortalece a função cardíaca
  • Desincha os pés
  • É antiespasmódico
  • É anti-inflamatório
  • Favorece o tratamento no reumatismo

O tratamento através da água agirá sobre todo o corpo ou em áreas um pouco mais específicas (segundo as formas em que esta se aplique), provocando esvaziamento ou congestão. Como opera “chamando” o sangue para as extremidades e “expulsando-o”, na medida em que alterna água fria e quente, a realização deste exercício diariamente e até mais de uma vez ao dia, pode melhorar as condições circulatórias de forma gratamente assustadora e acompanhando-o de um tratamento natural que auxilie na desintoxicação, iremos obter os melhores resultados em problemas venosos, úlceras varicosas, pernas cansadas, ardência na sola do pé, ácido úrico, câimbras assim como em outros mal estares decorrentes ou dependentes de uma boa circulação e de uma boa qualidade venoso-arterial.  

Outra forma de compreender os efeitos do escalda pés é dizer que por um lado, a reação do corpo à água aquecida é de acalmar e relaxar, em tanto que água fria (ou simplesmente natural) resulta ideal para estimular e revigorar o organismo. Os efeitos são múltiplos, mas, principalmente sempre agindo no Sistema Nervoso e no Sistema Circulatório diretamente.
A água é um excelente meio de cura. É um excelente meio para modificar a temperatura corporal e todos temos experimentado as diferentes reações do nosso corpo à água muito fria ou quente. Aplicada ao corpo de forma apropriada, opera nele modificações que atingem em primeiro lugar o sistema nervoso periférico, excitando massivamente a totalidade das suas ramificações periféricas que por sua vez estimula e demanda respostas do sistema nervoso central agindo sobre o aparelho circulatório e produzindo efeitos sobre a regularização do calor corporal. As reações da aplicação da água são, portanto, três: nervosa; circulatória e térmica. O sistema nervoso melhora suas funções, produzindo no indivíduo uma sensação de bem estar, reanimando-o e gerando disposição. O sistema nervoso recupera o seu tom e por isso se pode dizer que a água fria é um verdadeiro tônico para o sistema nervoso.

No caso de “verdadeiro” escalda pés, que alterna a imersão dos pés em água quente e fria, a reação geral se potencializa por uma redinamização circulatória real leve e, no entanto, efetiva.

CONTRAINDICAÇÕES

A utilização do escalda pés está diretamente restringida para quem tem problemas de neuropatia diabética, para a esclerose múltipla e nos casos de pressão arterial muito alta (aumenta ainda mais) ou baixa (pode provocar quedas e/ou desmaios). As grávidas também devem evitar qualquer tipo de banhos quentes, pois aumentos de temperatura corporal na gravidez aumenta o risco de malformações no bebe (nunca ultrapasse os 37,5 °C!) . Assim, ficam fora desta opção. Em casos de pessoas com problemas sérios de circulação, não seria indicado em primeira instancia. Ainda assim, é um dos melhores “remédios” para tratar problemas circulatórios seja nas pernas ou de qualquer outra parte do corpo (pudendo se variar, para atingir tronco e cabeça, para o chamado escalda mãos e assim ter um melhor resultado). Em casos de problemas circulatórios que sejam maiores a realização do escalda pés s é sob a observação e decisão do terapeuta, e às vezes se começa com água um pouco menos quente e mais “morna” de forma de não agredir ou provocar desprendimento de placas assim como alguns outros mal estares decorrentes do exercício.

FAZENDO O ESCALDA PÉS

Vamos trabalhar com água quente e fria.
1)      Uma regra de ouro e jamais usar gelo na água fria. Sempre deve ser usada a água natural.

Então: SEM GELO!

2)      A água quente pode ser controlada a base de um bom termômetro para banheiras e deveria estar na casa dos 40 ou 41 °C. Mas, se não tiver termômetro de banheira e não quiser comprar um, verifique que a água esteja quente, mas, sem queimar. Coloque sua mão e controle a temperatura até que sua mão possa permanecer submergida sem desconforto (tenha em conta que seus pés podem ser mais sensíveis ou até menos sensíveis que suas mãos).
3)      Tenha sempre na sua frente um relógio. Os tempos de imersão são curtos mas devem ser respeitados com precisão. Com 1 minuto de imersão na água fria vamos a obter como resultado a descongestão circulatória do pé. Se passarmos do minuto, começará a ocorrer exatamente o contrario, perdendo se o efeito terapêutico desejado. O mesmo acontece com a água quente. Com 3 minutos geramos uma dilatação e atraímos o sangue na medida certa. Passando dos 3 minutos teremos o efeito contrario que não é para nada interessante para nosso tratamento.
4)      É recomendável ter a mão uma bacia, panela ou chaleira de água bem quente (com todo cuidado!) para ir agregando a sua bacia de água quente, pois, diminuindo a temperatura perderá eficiência.
5)       Não se esqueça de ter a mão, para quando terminar de fazer o escalda pés, toalhas e calçados apropriados, pois de jeito nenhum pode se permitir uma friagem. Por isso a 6ª questão a seguir.
6)      Após o escalda pés, não tome frio. Não pise no chão frio. Permaneça agasalhado.  Pelo menos duas horas depois de realizado o escalda pés. Depois não terá problemas.

TÉCNICA:

Disponha de duas bacias: Uma de água quente tal qual foi recomendado e outra de água fria (natural e sempre sem gelo). Deve de ter água suficiente como para cobrir os dois pés pelo menos por cima dos tornozelos e, quando for possível chegar até meia perna ou mesmo até o joelho. Dependerá do tamanho das bacias de que disponha.
Deixe a reserva de água quente por perto.

1º           Inicie o tratamento submergindo os dois pés primeiro na água quente (sempre primeiro água quente) e deixe seus pés de molho por exatamente 3 minutos. Não menos, não mais.

2º           Passados os 3 minutos de água quente retire imediatamente os pés da bacia de água quente e coloque-os na água fria, por exatamente 1 minuto.

3º           Passado o minuto de água fria, retire e imediatamente volte a água quente por 3 minutos.

4º           Assim, a continuação alterne entre água quente e fria 3 vezes sempre respeitando os tempos de 3 minutos de água quente e 1 minuto de água fria.

5º           Finalize o tratamento na água fria, seque e agasalhe seus pés e... Pronto!

Esquematicamente (e para tirar dúvidas):
você irá submergir seus pés
3 minutos na água quente
1 minuto na água fria
3 minutos na água quente
1 minuto na água fria
3 minutos na água quente
1 minuto na água fria


Bom tratamento!!!
Muita luz!
Abraços a todos.

Daniel H. Della Valle 

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