A EDUCAÇÃO E A PEDAGOGIA SISTÊMICA 4. Constelando os problemas da escola (pela Pedagoga Angelita Olvera):
p. Daniel H. Della Valle Cauci
Link da Palestra: https://www.youtube.com/watch?v=dfB_zvkV2nA
Para terminar este
artigo queria resumir uma palestra que, a Pedagoga Angelita Olvera ofereceu
para professores, aqui, em brasil.
Os elementos mais importantes dentro
do processo educacional são os alunos.
Para eles, e pelos benefícios que
todo o trabalho de educar trará para a sociedade, é que se estabelece toda a
estrutura, a formação de educadores e toda a logística que permite a existência
da educação.
Alcançar uma educação eficiente
através da pedagogia sistêmica, e que tenha a potencialidade de não só
resolver os problemas que o ensino apresenta, se não que tenha também a
capacidade de não gerar novos conflitos, que fortaleça a reforce a capacidade
de aprendizagem dos alunos, requer de uma mudança de percepção, e, com certeza,
de uma nova consciência. Uma consciência e uma inteligência que denominamos de
sistêmicas, e sem dúvidas, de uma nova filosofia que de sustento conceitual a
tanta ressignificação.
E é disso que se trata. A Pedagogia
Sistêmica chega a nós, justamente, pela aplicação da Hellinger sciencia®, ou
seja, a ciência que explica e ordena todos os tipos de relacionamentos humanos
e que surge da filosofia sistêmica de Bert Hellinger.
A Pedagoga Mexicana Angelica Olvera,
ofereceu uma palestra para professores, aqui, em brasil, faz alguns anos atrás.
Nela, demostrou as dinâmicas dos problemas que escola e professores mais
enfrentam no dia a dia, de forma simples e através de um exercício sistêmico,
em um campo de constelação.
Por nos parecer importante, vamos dar
uma olhada na mensagem central dessa palestra, e, para melhor compreendê-lo, ajudaria
ter algum conhecimento sobre as Constelações Familiares e sobre a filosofia
sistêmica de Bert Hellinger.
A ninguém escapa o fato de que o
trabalho do educador é muito estressante. A tarefa de ensinar não é uniforme e
constante, e sim, um diário desafio. A falta de atenção dos alunos, as
dificuldades na aprendizagem das matemáticas, da leitura, a instabilidade
emocional e até a inquietude das crianças (o chamado TDAH), a necessária
flexibilidade pedagógica que se exige do professor para atingir as metas e
tantas outras dificuldades, fazem da tarefa de ensinar, um ato quase hercúleo.
E que dizer da violência que sempre existiu na forma de bullying e que agora
chega ao extremo de ataques indiscriminados às escolas com saldo de alunos e
professores feridos ou mortos.
Se bem a relação
professora-professor/alunos é central na escola, o estresse e o desgaste chegam
sem dúvidas à direção e resto do pessoal administrativo.
Um outro fator que complica e aumenta
o estresse nas salas de aula, vem do comportamento dos alunos, que muitas vezes
denotam uma clara e constrangedora ausência de critérios educativos dos pais;
por falta de informação ou simples omissão. Seja pelo motivo que for, sem que
apontemos a culpados ou inocentes, a relação dentre pais e filhos, dentre o pai
e a mãe, como casal, o mesmo por excesso de trabalho ou problemas financeiros,
além de famílias desestruturadas ou aparentemente inexistentes, tudo, provocará
uma tensão que as crianças acusarão no afetivo, no físico e no intelectual,
prejudicando o rendimento escolar e aumentando o esforço e o desafio de ensinar
dos professores.
Ela, Angelica Olvera, começa sua
palestra falando sobre o desgaste físico emocional que resulta da tarefa de
educar. Diz que as crianças são educadas, estimuladas, guiadas primeiro pelos
seus pais, pelas suas famílias. E quando os pais não fazem seu trabalho, a
tendencia é de que os professores e professoras assumam esse papel, o papel de
pais ou de mães.
Então ela demostra em um movimento,
em uma dinâmica sistêmica, que é nesse momento em que se perde todo o papel da
educação.
Ela demonstra na sua exposição 5
pontos importantes para corrigir comportamentos, e achar soluções verdadeiras e
para todos dentro do ambiente escolar, principalmente para os alunos.
O primeiro ponto é, que os
professores e professoras devem assumir seu lugar, que é a de ser professores,
renunciando a qualquer tentativa de querer substituir (com certa arrogância)
aos pais; de querer assumir sua autoridade; de ser quem dita os comportamentos
ideais ou delineia uma forma de socialização e aprendizagem uniforme, perdendo
de vista aos pais, e a diversidade de contextos e características
socioculturais, religiosas e peculiares dos seus alunos. Os professores devem
ocupar seu lugar e não carregar nas suas costas tarefas impossíveis, mas,
sobretudo, tarefas que não lhe correspondem. Como veremos mais adiante, os
professores estão a serviço... Mas, a serviço de quem?
O segundo ponto:
Os pais não assumindo seu papel e o
professor fora do seu, terá como resultado o fato de que as crianças perderão
seu lugar central no processo educacional, e, como resultado não aprenderão ou
apresentarão dificuldades que impedirão ou desestimularão o aprendizagem.
Dentro do ambiente escolar por um
lado e no lar do estudante por outro, o que se poderá observar é que a criança
não aprenderá. Desatenta, agitada, sem querer ir à escola, irritada, sem nenhum
rendimento...
Até que os pais, os professores, e a
escola, começam a procurar as causas e aos “culpados” do fato das crianças não
estar aprendendo.
Quem tem a “culpa” de que a criança
não aprenda?
Para os pais a culpa é da escola. A
escola procura culpas nos professores. Os professores culpam aos alunos e os
pais do aluno devolvem o problema, e culpam a escola de não estar cumprindo com
seu papel de educar, e esta, uma vez mais, coloca a culpa na família, pois não
têm tempo para seus filhos, por não agir com autoridade, por trabalhar demais e
conversar de menos, etc.
Todo mundo olhando para a “culpa” sem
olhar para a criança nem para a reais causas deste problema.
Bem. Resulta que ao tirar a culpa da
jogada, essa culpa indefinida, que é uma culpa sistemicamente inexistente, o
que fica, é um problema que está aí para ser resolvido. Angelica Olvera afirma
que os pedagogos e a pedagogia em sim como carreira, deve aprender a trabalhar
com essa “culpa”, e, por exemplo, modificar os programas e a forma de encarar o
ensinar. Recorrer por exemplo a uma plasticidade pedagógica e caminhos
diferentes para passar conteúdo. Mas, mesmo assim, isso nem sempre é suficiente
para resolver a questão de as crianças não aprenderem.
Porém, uma vez que se retira a
“culpa” do centro das atenções (o que se faz no exercício) e se respeita o
sistema escola e o sistema família, e cada um está no seu lugar e na sua
função, sem transgredir as leis sistêmicas, ambos sistemas ficam liberados para
suas funções de forma muito mais leve, e as crianças voltam a ocupar seu lugar
especial no processo educacional. As crianças, então, começam a aprender.
Isto, que é um verdadeiro desafio, se
alcança no quinto ponto, exposto pela palestrante.
O terceiro ponto, fala de uma
das problemáticas maiores, que atrapalham a tentativa de ensinar dos
professores em sala de aula: A agitação.
Agitação que comumente se conhece por
falta de atenção com agitação ou não, ou TDAH, Transtorno por Déficit de
Atenção por Hiperatividade (ou sem Hiperatividade).
Neste ponto do exercício sistêmico,
os movimentos dos representantes deixam bem claro onde é que coloca o aluno sua
atenção, se não pode prestar atenção na sala de aula.
Cada caso é um caso e podem existir
motivos extras para esta desatenção, inclusive biológicos ou químicos, mas na
constelação surge aquilo que prima como causas originais destes comportamentos.
No exercício, surge que a atenção da
criança se desvia da aprendizagem, quando esta está chamada a prestar atenção a
situações ou circunstâncias determinantes dentro da sua família, que “roubam”
sua atenção em direção à mãe ou em direção a seu pai.
A criança não pode permanecer na
escola, pois experimenta medo, angústia ou insegurança por experimentar em todo
seu ser, os conflitos de casa. Definitivamente, em casa há algo mais importante
e mobilizador, e, nestas circunstâncias, uma vez mais, não há possibilidade de
aprendizagem.
O TDAH é isto. Nenhuma escola tem
respostas para resolver o TDAH pois este deficit é, sistemicamente, o problema
que o aluno percebe, sofre e assume dentro de seu próprio lar.
Quando há Hiperatividade é porque a
criança não quer permanecer na escola e quer voltar para casa, e não há
hiperatividade, quando a criança está cansada pelo peso das tarefas sistêmicas
que ele assume, pelo pai, pela mãe e pelos seus irmãos (ou outros dentro do seu
sistema).
O quarto ponto é a
violência dentro da escola.
Uma coisa é clara... a escola não
quer a violência. Os pais, também não.
Novamente, dentro da constelação, e
ainda que se poderia chegar à mesma conclusão por outros caminhos, se observa
que, em geral, a origem da violência que chega a alterar o ritmo natural do
aprendizagem dos alunos dentro da escola, está no lar destes alunos. Nas
cidades, nos bairros, no entorno dos alunos, pero esta não poderia agir nem
existir, se a família fosse um marco sistemicamente equilibrado. As famílias
não se constituem como filtros efetivos do entorno na construção de valores e
princípios, e muitas vezes, a mesma violência nasce ou se continua,
simplesmente, no seio familiar.
Certo que há excepções, mas, só são
isso... excepções. Mas, quando esta violência chega à escola, a escola não tem
solução. O que sucede é que quando a escola toma medidas para tirar a
violência, gera mais violência.
E qual será a solução?
A solução não existe na escola e sim
nas famílias. Há uma solução para cada família, que pode ser acessada
perfeitamente, através da abordagem de Bert Hellinger. E podem existir outros
caminhos, como através de uma educação específica, terapias familiares,
intervenção de mediadores ou de ações judiciais... etc. Mas, seja qual for o
caminho, é fundamental criar uma nova consciência, uma nova sabedoria, pois as
soluções achadas devem contemplar a todos na família. Esta é uma lei dentro de
todos e cada um dos inter-relacionamentos, a luz do pertencimento, da ordem e
do equilíbrio.
Não adianta olhar para a violência,
que se pode dar em forma de bullying, de agressividade, até de ataques em
massa... É necessário olhar para o sistema com coragem e sinceridade, e achar
os movimentos ou emaranhamentos que estão por trás dela.
Quinto ponto:
Olhando para tudo isto, é lógica a
afirmação de que nenhum país tem soluções para a sala de aula através das políticas
públicas ou privadas!
Desde os governos não se olha para as
crianças. Tudo fica nos discursos.
Esta é a função da nova pedagogia…
este é um assunto do professor e é essa a razão para termos que trabalhar com o
professor, pois na sua transformação, na sua maior compreensão das dinâmicas
dentro da escola, podemos achar um pulso gerador de mudanças para a educação e
para toda a sociedade
A reordenação do ensino através da
percepção da escola como um sistema que inclui a família do aluno, e da
percepção de cada indivíduo que faz parte deste sistema, não como seres
isolados e desprendidos das suas origens, se não que completos e dentro do seus
sistemas familiares, trará excelentes vantagens para todos na educação.
Escola, professores, alunos e
famílias, cada um nos seus lugares dentro da rede de relacionamentos do
sistema, e cada um tidos em conta com respeito e consideração honrando suas
origens e circunstâncias, fortalecerá a postura e dedicação de cada elemento e
por tanto, permitirá a consecução dos objetivos comuns do sistema, gerando como
característica emergente uma melhor e profunda qualidade educativa.
No exercício sistêmico, Angelica
Olvera posicionou os pais da professora atrás dela, fortalecendo-a... com tudo
o que isso significa em termos de força, energia de vida e coragem, pois é
deles e do seu assentimento que se recebe o caudaloso reforço das suas origens.
É fundamental que os professores
possam compreender o real e profundo significado dos seus pais nas suas vidas,
pois será determinante para suas decisões e escolhas, assim como para definir a
forma em que eles experimentarão e agirão perante a realidade. Este
conhecimento e sua anuência lhes permitem ampliar e ressignificar o essencial
para depois perceber que eles podem olhar para o aluno, que chega à escola com
seus pais (sistemicamente), sem sair do seu lugar de professor.
Assim, a professora/professor pode
olhar para seus alunos e seus pais de uma maneira inclusiva. Este foi o
movimento central do exercício, trazendo ao sistema familiar, junto ao aluno,
para a escola.
O quinto ponto é a aliança entre
escola e a família dos alunos. A família dos alunos junto a eles na sala de
aula, os fortalece da mesma forma que à professora se viu fortalecida com os
seus, e os encorajam a experimentar o aprendizagem e a curiosidade, a ser quem
eles são realmente, inclusive, para expor suas necessidades e limitações.
Dentro de uma compreensão muito mais
ampla, a conclusão deste processo, permitirá o entendimento da frase com a que
Angelica Olvera fecha sua palestra e que define a ordem dentro do sistema:
... (Finalmente) o professor ou a
professora poderá olhar para seus alunos e dizer... Eu sirvo a seus pais quando
lhes ensino.
Um abraço a todos
muita luz
até
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