COMO TER UMA VIDA MAIS FELIZ, OU... COMO SE EQUIVOCAR MENOS. (Este não é um papo motivacional)

p. Danierl H. Della Valle Cauci


Todos estamos tentando TER uma vida boa.

De fazer as coisas certas ou pelo menos, da forma mais apropriada. Todos tentamos ser boas pessoas e ser cada dia melhores.

Eu acredito nisso.

Então…, porque as coisas nem sempre dão certo?

Porque constantemente botamos os pés pelas mãos, … porque fazemos escolhas erradas, porque nos equivocamos tanto; porque temos que sofrer por amar ou sentirmos culpados por fazer a coisa certa?

A vida se complica quando menos o esperamos... tanto que até sentimos medo do que acontecerá daqui a pouco, quando tudo vai bem.

Não todo dia… Mas, em geral começamos o dia cheios de sonhos e ilusões e o terminamos naquele sentimento de frustração.

Sim... nem todo dia é um bom dia, e, geralmente os dias bons passam meio que desapercebidos. Não prestamos atenção as coisas boas que também acontecem na nossa vida. Podemos ter 20 triunfos na jornada e um momento ruim... e é desse momento ruim que lembramos até adormecer.

Talvez essa seja a natureza humana...

O certo é que queremos viver tranquilos e organizadamente, mas, sempre existem contratempos, empecilhos, coisas que deveríamos ter feito antes ou depois, situações que passaram desapercebidas... Decisões erradas... E a necessidade intransferível de sempre ter que arcar com as consequências dos nossos atos. É o que se conhece por causa e efeito... Ou karma.

Aos poucos o corpo e a mente, aprenderam a se adaptar às adversidades.

O nosso cérebro aprendeu, a sempre “estar olhando” para o problema; para a necessidade de resolver situações difíceis ou de perigo e fundamentalmente a prever aquelas situações que possam complicar nosso futuro, já que ele é o responsável pela nossa sobrevivência.

Ele produz uma sensação para nos avisar que há que fazer alguma coisa, pois algo ruim pode acontecer, uma sensação que nos deixa alertas… é o que chamamos de ANSIEDADE.

Originariamente, a ansiedade era a nossa amiga fiel. Hoje é uma amiga de duas caras. Nos alerta e protege por um lado, e por outro acaba conosco. Porém, a ansiedade não é uma vilã.

A ansiedade alerta, mas nós, não a ouvimos. Alerta de novo, e continuamos sem ouvir... até que o desgaste orgânico-emocional excede as nossas reservas e as possibilidades de recuperação.

Desde o momento em que se inicia o estado de alerta, o organismo, através da modificação da sua química e das novas prioridades metabólicas, aposta suas forças e reservas à resolução dos conflitos que nos geram estresse.

Este enorme desgaste chegaria a seu fim no momento em que começamos a dar soluções a ditos conflitos.

O problema é que, não ouvimos os sinais de alerta que ansiedade nos dá; não ouvimos porque não queremos ouvir, não ouvimos porque nosso ego tem outros interesses. A gente se inventa histórias e escusas, para continuar insistindo naquilo que não é viável, só porque a nossa mente e o nosso coração, alheios a uma realidade maior, assim o desejam .

O apego é uma não-virtude. E a não-virtude gera não-virtudes.  

O ponto em questão, quando falamos de que as coisas dão errado e nos geramos conflitos, está no desatino e na confusão, que produz a nossa incapacidade de ver a vida tal qual ela é, de aceitá-la como ela é; de perceber em primeiro lugar, a forma em que estamos inseridos nela, para depois propormos as modificações e as transformações que achemos oportuno.

Esta incapacidade de ver a vida tal qual ela é, não só se transforma em cegueira, aumentando a ineficácia com a qual nos conduzimos pela vida, senão que também nos conduz pelo caminho contrário a aquele que realmente queremos transitar. Nos deixa míopes e nos afasta de vez do nosso lugar.

O ciúme é um exemplo perfeito daquilo que estamos falando:

Numa relação afetiva, de amor, o ciúme não contribui ao relacionamento nem o fortifica. Na realidade separa. Ao termos ciúmes somos como crianças. Dizemos... “Eu te amo demais!” ... e ao mesmo tempo dizemos... “você me faz sofrer... não te quero mais!”

Numa relação afetiva, quem sente ciúmes, se autoexclui da relação.

Esse sentimento que nos afasta do amor, ... nem sempre surge de fatos reais. Nem sempre surge da percepção objetiva das circunstâncias. Mas, em nenhum momento nos preocupamos em procurar de onde é que esse sentimento surge.

Só reagimos por temor a perder o amor, saindo da relação antes de ser traídos ou abandonados. Neste exemplo, é muito melhor e menos doloroso para nosso ego sair antes da relação para não ser traído ou abandonado.

 Não temos clareza da origem do ciúme, nem sabemos porque, esse sentimento possui mais força que a nossa vontade, e preferimos aceitar o que o amor cego nós diz.

Dito de uma outra forma, preferimos acreditar o que necessitamos acreditar, para não entrar em contradição com o que subjetivamente percebemos como a nossa realidade, como as nossas necessidades, numa clara condição de dissonância cognitiva.

A maior parte das vezes, as coisas não dão certo, porque nossa percepção está longe da realidade. E a causa disso está no fato de que, em geral, colocamos “a carreta na frente dos bois”.

Que é o que isto significa?

Bem. Os sonhos, as ilusões, os projetos... são muito bons. Mas eles necessitam de um marco, de uma circunstância apropriada para se realizar.

Sonhos, ilusões e projetos existem primeiro no plano do pensamento, e nele, não possuem limites. Mas, na hora de se concretizar necessitam de conhecimento, planificação e pés no chão., dentre outras coisas.

Algumas pessoas gostariam de agregarão na lista de condições para concretizar sonhos e ilusões, uma boa dose DE SORTE. Mas na nossa compreensão, a sorte não se relaciona com o acaso e sim com o estarmos alinhados com as circunstâncias. 

Viver na fantasia de querer, mais não ter, do que poderíamos ser mais não somos, nos achando o umbigo do universo, e na espera de que todos sejam do jeito que Eu necessito que sejam, não contribui em nada para alcançar meus objetivos, quaisquer que estes sejam.

“Botar a carreta na frente dos bois” e justamente pular o fato de compreender a realidade antes de pretender mudá-la.

Será que isso pode dar certo...?

Pode, mas isso dependerá de estarmos ou não alinhados com as circunstancias. Ou seja, que a nossa vida tenha transcorrido em correspondência efetiva e positiva com o nosso contexto e as nossas circunstancias.

Um casamento a cegas pode dar certo; posso sobreviver no jogo da roleta russa; pode ser que ganhe na loteria... Não entanto, se casar a cegas, brincar com a morte ou apostar na loteria, são “riscos” com uma enorme probabilidade de dar errado, ações todas que, na perspectiva de tentarmos viver sem gerar consequências negativas na nossa vida, deveríamos evitar.

É o que poderíamos chamar de viver sistemicamente.

O fato de que as coisas possam dar erradas, de que cometamos muitos e repetidos erros na nossa existência e de que a vida se nos complique tanto... não é, nos parece, um desígnio divino. Não é um castigo dos Deuses. Não necessitamos procurar as causas destes percalços longe de nós. É mais, nem sequer é necessário procurá-los fora de nós.

A falta de eficiência em relação à nossa vida, está na incapacidade de perceber e assentir a vida tal qual ela foi, do jeito que ela é pelo preço que nos custou.

Em vez de observar a vida com simplicidade, através da sinceridade e da humildade de quem somos, histórica e circunstancialmente, tomamos pedaços parciais da realidade que nos interessa, como se isso fosse viável, e nos convencemos de que nada do resto que compõe a nossa relação com a vida, importa.

No plano individual, isto é o que se denomina Dissonância Cognitiva e define o momento em que emoções, sentimentos e percepções contraditórias, necessitam ser harmonizadas dentro de nós, como condição para continuarmos sem fraturas psicológicas, e escolhemos acreditar no que o coração nos diz, ainda que isso nos afaste do real e viável, e nos empurre cada vez mais fundo no irreal e conflitivo.

A dissonância Cognitiva nos separa da realidade e nos coloca numa realidade paralela só nossa... só percebida por nós, e que pelo tanto, não nos permite uma interação efetiva com as demais pessoas do nosso convívio.

Encurtando o caminho, é por isso que sempre se fala do autoconhecimento, da necessidade de olharmos para dentro de nós mesmos, para achar a calma dentro de nós... Pois esse é o mecanismo inicial para retomarmos o controle do nosso agir, na nossa circunstância e contexto. Para voltarmos a ser, no nosso lugar sistêmico, que, do jeito que for, é o único lugar possível desde o qual poderemos dar continuidade, ou fazer ajustes, mudanças e transformações positivas na nossa vida.

As coisas nem sempre dão certo porque vivemos e agimos dentro de uma realidade parcial, desconhecendo uma enorme quantidade de circunstancias, fatos, sentimentos... realidades, que coabitam em um mesmo cenário com a nossa realidade pessoal.

A boa notícia é que podemos reduzir esse atrito constante com a realidade.

É possível equivocar-se menos, agir de maneira mais sábia, andar pela vida sem gerar tantas consequências negativas para a nossa vida...

E uma vez que o percebemos, não é difícil.

Só devemos evitar transgredir ordens essenciais da convivência humana.

 Respeitar o lugar e o direito dos outros; viver em equilíbrio justo e apropriado com as pessoas e com a natureza, dando e tomando de acordo as circunstâncias com humildade, sinceridade e sabedoria e respeitando a ordem natural dos relacionamentos, assentindo o que foi e o que é, no nosso lugar de direito na família e na sociedade, para depois procurar mudanças e transformações que, por bem, achemos importantes para a nossa vida.

Estes são os princípios da filosofia sistêmica de Bert Hellinger.

A vida fica muito mais leve, e se erra muito menos.

Se tiver dúvidas, se quiser falar mais do assunto… entre em contato connosco.

 


Um forte abraço

muita luz

Até 

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