PRIMEIRA LEI SISTÊMICA: LEI DO PERTENCIMENTO

 p. Daniel Della Valle


Chegamos ao momento de falarmos, aqui, no nosso Blog sobre a Primeira lei sistêmica….  PERTENCIMENTO

Muito se fala nos meios sociais sobre as Leis Sistêmicas e as vezes se fala desde uma grande quantidade de supostos, que dificultam a compreensão do leitor leigo. Se fala de alma, de campo, de consciência, daquilo que pode o que pode, se fala de tomar, de amor que adoece..., mas, todos esses conceitos conhecidos dos consteladores, são conceitos resinificados pela filosofia sistêmica de Bert Hellinger e confundem.

Por nossa parte, tentaremos dar uma explicação sem tantas complicações.

As leis sistêmicas se aplicam sempre a sistemas e aos integrantes dos sistemas.

Assim, é lógico que alguém que pertence a um sistema, se sujeite à lei do pertencimento.

Mas, ser parte de um sistema não é simplesmente ser um número. Ser parte de um sistema confere ao indivíduo ou a essa unidade, características que são indispensáveis para que o sistema funcione com a suas características atuais. Sem esse indivíduo ou unidade o sistema deixa de ser como é.

Mas podemos ver desde outro ponto de vista.

Estamos acostumados a falar que a vida é complexa, que não existem os acontecimentos fortuitos, que todo possui um motivo para acontecer, que as doenças nos mostram alguma coisa que devemos apreender… Falamos da CONCATENAÇÃO UNIVERSAL, falamos de CAUSAÇÃO DESCENDENTE, falamos de ESPIRITUALIDADE, de uma FORÇA SUPERIOR que tudo o coordena, assim como apreendemos no TAO a forma em que todo se conecta pela origem e pela essência…falamos de GAIA, falamos da CONSCIÊNCIA QUÂNTICA...

Bem... A lei de pertencimento fala dessa “cola” que relaciona o todo. Nisso se baseia a Teoria do Caos e seu efeito Borboleta... Tudo é uma grande teia de aranha que nos relaciona de forma complexa e invisível pelas leis sistêmicas. Mas a grande “cola” que dá a consistência a sociedade é o pertencimento.

E que é esse pertencimento?

Simples...Se nascemos, vamos a pertencer a algo.

E depois, podemos escolher pertencer a outros sistemas (família, escola, universidade, empresa, clube, partido político, país, religião etc.,).

Por sermos gerados a partir de uma informação genética e epigenética contida em um ovulo e em um esperma, carregando toda aquela informação ancestral, vertical, e por ter nascido naquele contexto, naquele momento… vamos a pertencer a essa família.

E com esse pertencimento, ganhamos direitos e deveres.

Seremos parte dessa estrutura e dessa essência.

Agora, o essencial nesta lei de pertencimento, não é simplesmente pertencer. A Lei de pertencimento diz que todos temos o DIREITO a PERTENCER a uma família. E esse direito é intransferível e inquestionável. E transgredir esta lei gerará consequências negativas pelos seus efeitos.

A transgressão a esta lei, por exemplo, seria a exclusão de um dos integrantes do sistema, da família. Mas também pode ser um esquecido, alguém que perdeu seu lugar natural dentro da família, um doente ou incapacitado, alguém que pelas suas ações foi deixado de lado, alguém que morreu cedo demais etc.

Na exclusão, o sistema familiar sofre um colapso, uma ruptura na sua continuidade, e por motivos que poderemos ver más tarde, aquela “teia de aranha” tridimensional que é o sistema familiar, deve se ajustar, reatribuindo papeis, responsabilidades e protagonismos e assim, tirando aos integrantes dos seus lugares. Mas, isso não resolve o problema da exclusão. Só provoca mais desajustes e mais consequências.

É mais, isso não é possível sem que existam consequências, geralmente negativas pelos seus efeitos e sem que se gere a necessidade de restituição do excluído para correger aquele colapso.

Entre tanto...Que sucede com o excluído?

POR TER DIREITO A PERTENCER, o excluído teria a mesma possibilidade de ser do jeito que ele é, da mesma maneira que o resto da família, mas, por ser excluído se provoca uma injustiça sem tamanho… se lhe impede de ser, de existir… se exige do excluído o maior dos sacrifícios, que é o de perder suas raízes, para satisfazer as necessidades ou crenças de um ou vários outros integrantes da família.

Por ser uma lei, se a RESPEITAMOS, todas as relaciones humanas serão influenciadas, formatadas e transformadas pelo seu conteúdo, permitindo que a vida e os relacionamentos continuem a fluir EQUILIBRADAMENTE.

O direito a PERTENCER é muito forte. E a partir do direito de pertencimento, se determinam os limites do sistema.

Assim, pertencem ao sistema familiar todos aqueles que possuem LAÇOS DE SANGUE. Geralmente Bisavós, avos, pais, filhos, irmãos, meios irmãos etc., Todos os ancestres e todos os descendentes.

Mas as vezes a família também se integra por pessoas que não possuem vínculos de sangue, mas sim os chamados VÍNCULOS DE DESTINO. Estas pessoas serão todos aqueles que se vinculem com integrantes da família ou que a afetem de uma forma ou outra, como; EX PARCEIROS, ou PARCEIROS ATUAIS, PESSOAS que foram importantes afetivamente, relacionamentos mal desfeitos ou inconclusos, relacionamentos onde existiram promessas de amor ou de fidelidade, como acontece nos amores Impossíveis ou não permitidos que, de ser truncados provocarão sofrimento; pessoas que cederam bens ou deixaram heranças beneficiando à família ou que fizeram grandes sacrifícios por alguém da família...

Todos eles passam a ser parte do nosso sistema familiar, e terão seu pertencimento assegurado. Seu pertencimento E TODO O RESPEITO E CONSIDERAÇÃO.

Dentro de um sistema familiar, todos os integrantes possuem o mesmo direito de pertencer e isto, permite que façamos uma interpretação muito mais rica em detalhes e diferenças da profundidade dos relacionamentos dentro do sistema assim como também, das diferentes e complexas consequências das transgressões à lei de pertencimento.

Por outro lado, nem sempre a EXCLUSÃO de um dos integrantes do sistema é feita conscientemente. Mas sempre EXCLUÍMOS por não ser cuidadosos ou achando que estamos com a razão.

Por exemplo:

Excluímos ao pai ou a mãe por não ter sido como queríamos que fossem; a um tio que é alcoólatra, porque seu comportamento envergonha a família; excluímos a uma pessoa doente mental, porque não representa e denigra à imagem familiar...

Excluímos a alguém que trai ou que mente, porque não respeita a ética e a moral familiar, mas excluímos as vezes porque há segredos escondidos, porque NUNCA SE LHE DEU LUGAR a alguém que nasceu de um relacionamento escondido… ou fica excluída uma CRIANÇA QUE NÃO NASCEU (um aborto do jeito que for) só porque resulta doloroso falar dessa perda ou porque não se pode suportar a dor ou a vergonha de tê-lo provocado…

No caso dos abortos o dos natimortos a exclusão fica clara e corriqueira e fica expressa nas primeiras perguntas da anamnese, quando perguntamos quantos irmãos tem e quais é se é primeiro ou segundo filho...

O consulente diz: Somos 5 irmãos... Moramos na mesma cidade! E Eu sou o terceiro!

Perguntamos então… Sabe se a sua mãe teve algum aborto, se perdeu alguma gravidez?

E responde… ah! Sim… perdeu o primeiro filho que nasceu com problemas cardíaco, e ela contou que teve três abortos naturais, dois antes de mim e um antes do meu último irmão…

Você pode ver as exclusões neste caso?

1º filho morto por problema cardíacos

2º primeiro filho vivo

3º segundo filho vivo

4º primeiro aborto

5º segundo aborto

6º nosso consulente que é o terceiro filho vivo

7º quarto filho vivo

8º terceiro aborto e

9º filho vivo.

Dizendo que é o terceiro, o consulente está excluindo o primeiro e os dois abortos anteriores. Na realidade o nosso consulente é o 5 filho.

Seja qual for o motivo da exclusão… e por mais difícil de aceitar ou maior seja o nosso desejo de esquecer ou de ocultar ações, ou pessoas, não podemos cercear o direito daquele ser DE PERTENCER a SUA família. Seu lugar deve ser respeitado.

Segundo a filosofia de Bert Hellinger, dentro das constelações familiares, a transgressão às leis sistêmicas e, neste caso, à LEI DO PERTENCIMENTO gerará inevitavelmente problemas e conflitos que exigirão inquestionavelmente ser solucionados pelos membros desse sistema familiar, sejam aqueles que provocaram o conflito original ou outros de gerações posteriores. As soluções deverão ser equilibrada e satisfatórias para todas as partes, mas, de não reintegrar ao excluído, não haverá soluções.

É pode se dizer mais. Em geral toda a força da solução sempre vêm com a inclusão do excluído,

É uma lei. TODOS TEMOS DIREITO A PERTENCER.

E SE APLICA A TODAS AS ÁREAS ONDE EXISTAM RELACIONAMENTOS HUMANOS.

 

Muita luz a todos!

Um forte abraço!


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