Introdução
A Ansiedade e uma vilã ou uma velha “parceira”?
Todo mundo fala da ansiedade como sendo o mal do século... E
pode que seja. Mas, nem sempre foi e nem sempre é a vilã absoluta da historia.
A realidade é que a compreensão da ansiedade tem evoluído a través dos anos e,
ultimamente tem-se ampliado muito com pesquisas médicas profundas. A própria evolução
do conhecimento médico e da compreensão das formas em que as doenças agem levam a uma outra
visão da ansiedade e dos seus mecanismos...
Compreender a ansiedade somente como um “desequilíbrio
emocional” é ficar na superfície do assunto. É só ver a ponta do iceberg, pois
biologicamente ela nos acompanha desde sempre, desde os começos da nossa
existência animal e é um complexo mecanismo que possui uma importância tremenda
para nossa adaptação á realidade e as circunstâncias. Tanto que sem ansiedade,
estima-se que não estaríamos aqui.
Quando habitávamos as cavernas e se gerava estresse por
situações de perigo, tratava-se da ansiedade ao serviço da sobrevivência. Nos mantinha
alertas e prontos para reagir frente a animais perigosos, incêndios, tormentas
e tribos ou clãs inimigos. Mas hoje, o medo e a ansiedade não estão presentes
somente ante o perigo e o risco de vida e si perante de cada situação que
resulte em ameaça a um amplo leque de assuntos existenciais (fome, trabalho,
desemprego, pagamento de contas, relacionamentos, percas de familiares,
doenças, etc.,...).
A Ansiedade, que mais tarde definiremos especificamente, se
expressa pelo estresse e este pode ser definido como a soma de respostas físicas e mentais causadas por
determinados estímulos externos (estressores)
e que permitem ao indivíduo (humano ou animal) superar determinadas exigências
do meio ambiente, assim como o desgaste físico e mental causado por esse
processo. É comúm confundir estresse com ansiedade ou até pensar que são
sinónimos. Na realidade o estresse passou a ser o representante
emocional da Ansiedade; sua parte mais visível. Cabe distinguir também entre
medo e ansiedade. Ainda que o medo possa estar presente em muitas se não todas
as manifestações ansiosas, o medo remite a um temor iminente, físico, definido
e conhecido, em tanto que a ansiedade gera desconforto e temor por coisas não
definidas, nem bem conhecidas, e que geralmente irão a acontecer no
futuro.
Más, assim que nos desenvolvemos y ficamos mais
“inteligentes” (vamos a dizer que sim...) a ansiedade e seus mecanismos se
tornam mais intrincados e complexos.
Porque antes, nos primórdios da humanidade os elementos
estressantes eram geralmente simples e muito diretos e dependiam quase por
inteiro da natureza dos estressores (Urso, clima, etc.,...) mas agora, alem do
estressor ter suas próprias características o ser humano com sua função intelectual
desenvolvida, interpreta personalissimamente cada evento, cada situação,
segundo suas próprias experiências, emoções, valores, etc.,... Atribuindo ao
estressor sua própria valoração e intensidade. A ansiedade gerada na atualidade
irá depender da personalidade do indivíduo, dos seus recursos adaptativos, da
sua resiliência... Do seu momento de vida e ainda muito mais. Em poucas
palavras a ansiedade antes nascia do estresse provocado pelo entorno, dos
perigos externos e agora além dos perigos da vida que ainda existem, a
ansiedade nasce de nosso interior, da nossa própria mente.
Definição da
Ansiedade
A ansiedade é a
forte sensação psicológica, caracterizada por um estado de humor desconfortável,
”abafamento” ou angústia, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação
interna desagradável e inclui manifestações somáticas e fisiológicas e também
psíquicas.
Angústia relaciona-se diretamente à sensação de aperto no
peito e na garganta, de compressão e sufocamento. Tem conotação mais corporal e
mais relacionada ao passado. ”(Dalgalarondo, 2008)
A angústia é
também uma emoção que precede algo (um acontecimento, uma ocasião,
circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças
traumáticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego.
A Ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento
de apreensão, uma sensação de que algo está para acontecer, ela
representa um contínuo estado de alerta e uma constante pressa em
terminar as coisas que ainda nem começamos. ...É um estado de alarme
contínuo e uma prontidão para o que der e vier. (PsiqWeb)
Esta ansiedade, este estado de alarme constante, de alerta, como
já dizemos, se vê agravado porque no dia a dia atribulado enfrentamos um sem
número de situações a ser definidas, a ser resolvidas. Coisas como fazer o não
fazer, viajar o no viajar, ou viajar por que meios, querer alguma coisa ou
outra, primeiro isto ou tal vez aquilo... Y estes conflitos parecem ser fundamentais para o desenvolvimento e a
patologização da Ansiedade.
Podemos conferir que a ansiedade se manifesta em três
níveis: neuroendócrino, visceral e cognitivo (da consciência).
a)
O nível neuroendócrino mobiliza profundamente
uma enorme quantidade de reações pela ação neuro hormonal da adrenalina,
noradrenalina, glucagon, hormônio anti-diurético e cortisol,
principalmente dentre outras substancias.
b)
No plano visceral a Ansiedade age
diretamente através do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), o excita o a consciente, a Ansiedade se manifesta pela percepção
de dois sentimentos desagradáveis:
1- através da consciência das sensações fisiológicas de sudorese,
palpitação, inquietação e outros sintomas autonômicos (do sistema nervoso
autônomo);
2- através da consciência de estar nervoso e/ou amedrontado.
2- através da consciência de estar nervoso e/ou amedrontado.
Claro que não podemos ter uma descrição rígida de quais
serão ou não as reações possíveis, porque já mencionamos que as características
próprias do indivíduo irão determinar o grão e intensidade das reações
físico-químicas, biológicas e psicológicas. Pero as reações podem sem dúvidas
variar amplamente e ser percebidas física e fisiologicamente com muita, pouca
ou quase nenhuma intensidade em tanto que psicologicamente, a ansiedade pode chegar
inclusive a se colocar por cima do equilíbrio psicológico normal e chegar a
confundir aspectos simples da percepção, da atenção e da memória até chegar a inviabilizar
a compreensão e a adaptação á realidade.
A parte boa da
ansiedade
Podemos considerar a ansiedade como uma reação normal diante
de situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa. Ela funciona como
um sinal que nos prepara para enfrentarmos um desafio. E assim, considerando a
nossa capacidade fisiológica de nos adaptarmos às diversas circunstâncias
através da Ansiedade, falamos em Ansiedade Normal.
Perante qualquer situação de estresse, como por exemplo, a
iminência de uma batida de carro, o cérebro nos ajuda, com a liberação de
neuro-hormônios de ação imediata, para ter reações rápidas e precisas no
volante, amplia nossa percepção e melhora a visão periférica, aumenta a força
muscular e concentra nossas sensações no fato estressor em questão. Esses
neuro-hormônios poderão ser a diferença entre a vida e a morte. Ajudam-nos a adaptarmos
a situações extremas para assim poder resolver as situações estressantes. A
ansiedade se comporta como um sistema de resolução de situações de perigo; como
se fosse um mecanismo de adaptação às diversas circunstancia que a vida agitada
impõe.
Mas, assim como a Ansiedade melhora e muito nosso desempenho
e a adaptação, ela possui limites e certo grão de eficiência. Ela nos ajuda e
potencializa nossas respostas com o único limite das nossas reais
possibilidades. Depois disso, depois de que o nosso organismo esgota seus
recursos de adaptação, a falência da nossa capacidade de adaptação se verá
acelerada, levando a exaustão do sistema todo.
As fases da Ansiedade
Em um primeiro momento, a ansiedade é boa e nos ajuda
eficientemente a nos adaptar às circunstancias.
Em um segundo momento, um estresse leve e isolado
movimentará algumas substancias cerebrais, gerará um pouco de agito e tensão e
em poucos minutos, com a reabsorção dos neuro-hormônios, todo volta ao normal. Gerou
desconforto pero não é duradouro nem chega a esgotar nossos sistemas de
defensa.
Quando a ansiedade é mais recorrente, mais constante,
acompanhando ao individuo nas atividades do dia, gerando apreensão, fazendo-o
se sentir ameaçado e levando-o ao descontrole, é quando o sinal de alerta
deverá ser ligado. É o que alguns técnicos denominam Ansiedade Recorrente.
Desta à Ansiedade Crônica há um passo. E é
quando a pessoa passa a sentir um sentimento devastador,
debilitante e duradouro que
interfere com a vida da pessoa em casa, no trabalho e até socialmente.
Nesta fase da ansiedade, quando crônica, é quando o estresse entra na fase de
exaustão. Todo o organismo que estava disposto para enfrentar efetivamente aos
estressores irá ficando sem energia, sem recursos bioquímicos e sem possibilidades
de manter o nível da alta atividade fisiológica exigida pelas circunstâncias
estressantes. É aqui que aparecem as doenças. As más variadas formas e
intensidades de estados de disfunção primeiro para depois se transformar em
doenças agudas e crônicas, orgânicas ou sistêmicas, de projeção benigna ou maligna,
de progressão lenta ou drástica...
Veja... Quando demandado, a resposta do organismo ao
estresse constante pode ser muito intensa e ativar todas as economias orgânicas
e fisiológicas para conseguir um bom resultado adaptativo e isto se consegue inicialmente
através das modificações e ajustes do Sistema Nervoso Autônomo e Neuro-Endócrino,
Mas, quando os estressores som duradouros e intensos poderão entrar em falência
os recursos emocionais e fisiológicos, levando a transtornos psíquicos,
predispondo aos Transtornos de Ansiedade e provocando desajustes, disfunções e doenças
orgânicas de qualquer teor.
Desta forma fica em evidencia outra das dimensões
patológicas da ansiedade, já que o desenvolvimento de estados patológicos sejam
estes psíquicos ou físicos (estamos falando neste caso de doenças
psicosomáticas), está diretamente relacionado à frequência e duração das
situações que o sujeito avalia como estressoras para si, e não, direta e unicamente
relacionada à magnitude do evento de vida que provoca a ansiedade.
Muitos pesquisadores falam da existência de um fator
genético que predispõe para o aprofundamento de estados patológicos a partir da
ansiedade e claro que devem de existir. Mas acreditamos (desde a prática da Naturologia)
que estes fatores de risco genético não são geralmente determinantes e, cada pessoa
pode aprender a se adaptar de forma saudável com maior ou menor esforço e com
um pouco de ajuda. Ainda que seja necessário ter presente que o meio, as
circunstancias sociais, familiares e laborais possam ser determinantes.
Na nossa prática...
Na nossa prática na Naturología e ainda mais, através das
avaliações iridológicas, constatamos o papel acelerador da ansiedade em todo e
qualquer problema de saúde. É só conversar com os clientes e você acha a incidência
da ansiedade nos estados disfuncionais, antes mesmo da aparição das doenças,
que para nós é fundamental.
Seja no sistema digestivo, no esgotamento lentamente
adquirido no mal dormir, na formação de catarro pulmonar e na queda
imunológica, na debilidade cordial assim como nos problemas de pele... Em fim,
em qualquer situação de desequilíbrio, podemos ver a presencia da ansiedade
como desencadeante principal ou como coadjuvante e acelerador das crises orgânicas
e/ou emocionais.
Aprender a administrar os estados ansiosos parece ser o
caminho mais direto, mais natural e claro, menos medicamentoso para dissolver
os perigos de adoecer em muitas das situações disfuncionais do dia a dia.
Não é que seja fácil. Mas, se pode!
Tratar as situações ansiosas se faz necessário ainda que a
maior parte das vezes não seja esse o caminho que resolve os problemas.
Falo a meus clientes constantemente que se faz necessário “cambiar
a cabeça”. Modificar as prioridades; deixar para trás velhas estruturas da
personalidade que nos colocam sempre entre a “ansiedade e a parede” em uma
aparente situação “sem saída”. Quase sempre essa sensação de que algo irá
suceder se não estamos preparados, se não fazemos tudo e mais um pouco do que
há para fazer, se não somos os primeiros na nossa profissão, se não terminamos
antes que os outros e, fundamentalmente, se perdemos o controle dos
acontecimentos, algo poderá cair sobre nós, como um mal pressagio impossível de
evitar ou mesmo como uma trágica consequência do fato de não ser como deveríamos
ter sido, não é uma sensação que se possa correlacionar com a realidade. A
maior parte das vezes (se não todas) nenhuma dessas situações são vitalmente
fundamentais e sim meras conjeturas e elucubrações da nossa mente e da nossa
personalidade e, sem necessidade, extenuamos nosso sistema orgânico, funcional
e emocional deixando a nossa existência em “xeque” sem nenhum motivo realmente
importante.
A natureza previu a necessidade de um reforço para homens e
animais para aqueles momentos de maior estresse, já que para cada problema que
a natureza propõe, a natureza dá uma solução. Não os perigos reais originais
nem os “novos perigos” são a causa das nossas com esses perigos.
Esquecer-se das nossas necessidades, trocar as reais
prioridades por outras que nos afastam do realmente importante, acreditar que
nenhuma pessoa fará o que a gente faz e como o faz, e muitas outras “ideias”
apreendidas lá longe, na infância e em outras circunstâncias, são as que
delimitam e estruturam as características mais ou menos patológicas de essa velha
”parceira” que chamamos Ansiedade.
Mais que nunca... Muita Luz.
Abraço a todos!
Daniel H. Della Valle Cauci
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