p. Deniel H. Della Valle Cauci
Hoje
queria falar de um tema um pouco fora da linha terapêutica, que pode ser
tachado como “curiosidade”, mas, sem dúvidas, que se pode classificar
perfeitamente dentro do que é a saúde natural.
É
que estamos acostumados a que cada cosa possui seu lugar, comida é comida, mato
e mato, chás são chás, flores são flores… Porém, algumas plantas, apesar de não
serem amplamente cultivadas para seu consumo em escala comercial, possuem um
excelente valor nutricional, e até, muitas vezes, propriedades medicinais.
Estas plantas são uma fonte importante de recursos alimentares de origem
cultural ou tradicional e podem desempenhar um papel significativo na
complementação da alimentar, diversificando a dieta, e, porque não, promovendo
mais saúde.
É o caso de plantas que temos no quintal como Ora-pro-nóbis,
Tanchagem (Tansagem- Plantago maior) e do Dente de Leão que achamos muitas
vezes nos gramados dos nossos jardins e que muitas vezes eliminamos como
plantas daninhas, no entanto estas plantas sejam amplamente consumidas em Santa
Catarina em saladas, bolinhos e refogados.
Estas plantas comestíveis que não achamos usualmente nos
supermercados, são estudadas já faz muito tempo e possuem um nome especial: São
chamadas de Plantas Comestíveis Não Convencionais (PANC)
Vejamos alguns exemplo de PANC.
Ora-pro-nóbis
(Pereskia aculeata):
Esta planta é amplamente cultivada e consumida em algumas
regiões do Brasil. Suas folhas são ricas em proteínas, vitaminas e minerais,
tornando-se uma importante fonte nutricional. Além disso, a Ora-pro-nóbis tem
sido usada na medicina popular para tratar diversas condições de saúde, como
inflamações, problemas digestivos e fortalecimento do sistema imunológico.
Existem três tipos de ora-pro-nóbis: as de flores brancas, rosas e douradas.
Todas são comestíveis, no entanto, a versão rosa (Pereskia grandifolia) não
deve ser consumida crua por conter oxalato. Podem ser consumidas cruas,
refogadas ou levemente cozidas
Beldroega (Portulaca
oleracea):
Muito comum em
jardins e canteiros, a beldroega é uma planta rica em nutrientes, incluindo
vitaminas A, C, E e algumas vitaminas do complexo B, além de minerais como
magnésio, cálcio e potássio. Suas propriedades medicinais incluem ação
antioxidante, anti-inflamatória e cicatrizante. Ela é usada tradicionalmente no
tratamento de problemas gastrointestinais, como diarreia e úlceras estomacais.
A beldroega pode ser consumida crua ou cozinhada. As folhas, os caules e as
flores da beldroega podem ser usados em sopas, sobremesas, guarnições e
saladas. Também pode ser adicionada a receitas de sucos verdes e vitaminas.
Taioba (Xanthosoma
sagittifolium):
Esta planta é
cultivada principalmente por suas folhas comestíveis, que são ricas em fibras,
vitaminas A e C, além de minerais como ferro e cálcio. A taioba também possui
propriedades medicinais, sendo usada no tratamento de anemias devido ao seu
teor de ferro, e é considerada benéfica para o sistema digestivo. A taioba é
uma folha que exige cozimento para ser consumida. Caso contrário o sabor pode
ficar muito amargo. Ela faz parte de múltiplas receitas no Brasil.
Araçá (Psidium
cattleianum):
Esta fruta é nativa do Brasil e possui um sabor adocicado e
levemente ácido. Rica em vitamina C, antioxidantes e fibras, o araçá é
conhecido por suas propriedades medicinais, incluindo ação anti-inflamatória e
antimicrobiana. Ele é utilizado na medicina popular para tratar problemas
respiratórios, gastrointestinais e como auxiliar na cicatrização de feridas.
Pode ser consumido in natura ou pode ser utilizado na fabricação de outros
produtos, como polpas, sorvetes, licores, geleias, sucos e doces, sendo esses
últimos conhecidos popularmente como araçazada.
Peixinho (Stachys
byzantina):
Também conhecido como orelha-de-coelho ou pulmonária,
esta planta é valorizada por suas folhas macias e saborosas, que são ricas em
antioxidantes e compostos anti-inflamatórios. O peixinho é frequentemente
utilizado na culinária e na medicina popular para tratar problemas digestivos,
inflamações e até mesmo como auxiliar no tratamento de condições de pele. O
peixinho-da-horta pode ser consumido de várias maneiras, como: Frito, Empanado,
À milanesa, Refogado, Em omeletes, Assado no forno, etc. Antes de consumir,
deve-se higienizar bem o peixinho-da-horta, pois as suas folhas aveludadas
podem conter impurezas do solo.
Tanchagem (Plantago
maior)
Popularmente conhecida por suas ações e propriedades
anti-inflamatórias, o chá de tanchagem é um excelente aliado para a saúde da
pele, além de ajudar também na imunidade. Na medicina popular, a tanchagem é
usada como remédio caseiro no tratamento das inflamações de boca, garganta,
pele, gastrointestinais e das vias urinárias. Para consumo como alimento, se
prepara em saladas, refogada o como recheio, também condimentadas e feitas no
forno. Suas sementes altamente mucilaginosas podem ser usadas como a linhaça na
substituição da clara de ovo.
Urtiga (Urtica
dioica):
Apesar de sua
reputação de causar irritação na pele devido aos pelos urticantes, a urtiga é
uma planta altamente nutritiva. Suas folhas são ricas em vitaminas A, C, K e
minerais como ferro, cálcio e magnésio. Ela possui propriedades
anti-inflamatórias, diuréticas e antioxidantes, sendo utilizada na medicina
popular para tratar condições como artrite, alergias, anemia e problemas
urinários. Se consome cozida e até crua, empanadas ou substituindo a couve em
diversos pratos, tendo o cuidado devido à hora da colheita. Também se comem as
florescências empanadas
Caruru (Amaranthus
spp.):
Esta planta de folhas verdes também chamada de Bredo da
Bahia é comumente encontrada em áreas tropicais e subtropicais. Suas folhas são
uma boa fonte de proteínas, fibras, vitaminas A e C, além de minerais como
cálcio, ferro e magnésio. O caruru é conhecido por suas propriedades
antioxidantes, anti-inflamatórias e hipoglicemicas, podendo ser usado no
tratamento de diabetes, hipertensão e problemas digestivos. Consome refogada,
como salada, panquecas, omeletes, bolos e pasteis, etc...
Capuchinha
(Tropaeolum majus):
Tanto as folhas
quanto as flores desta planta são comestíveis e oferecem uma combinação única
de sabores picantes e levemente adocicados. A capuchinha é rica em vitamina C,
antioxidantes e compostos sulfurados, que podem ajudar a fortalecer o sistema
imunológico, promover a saúde da pele e auxiliar na digestão. Estas PANC se
consomem quase sem preparação como saladas, com sabor parecido à rúcula, ainda
que há quem opina que a capuchinha é mais gostosa.
Oxalis (Oxalis spp.):
Também conhecida como azedinha, esta planta é apreciada por
suas folhas ácidas e suculentas, que adicionam um toque cítrico a saladas e
pratos diversos. A oxalis é uma boa fonte de vitamina C, ácido fólico e
antioxidantes. Além disso, suas propriedades diuréticas e digestivas a tornam
útil no tratamento de problemas urinários, indigestão e inflamações. Possui
sabor delicado, como o próprio nome diz, azedinho, e pode fazer parte das
nossas saladas, sucos, e molhos.
Dente-de-leão
(Taraxacum officinale):
Todas as partes desta planta são comestíveis e oferecem uma
série de benefícios para a saúde. Suas folhas são ricas em vitaminas A, C e K,
além de minerais como ferro e cálcio. O dente-de-leão possui propriedades
diuréticas, digestivas e desintoxicantes, sendo utilizado na medicina popular
para tratar problemas hepáticos, distúrbios digestivos e inflamações. Nasce em
todo lugar e rende aqueles caules com semente que todo mundo adora assoprar... Também
se conhece como “chicória do mato”, “radiche do mato” e outros nomes como
“amargosa”, é há que ter cuidado para
não confundi-la com outras plantas muito parecidas. O dente-de-leão é uma
hortaliça de sabor amargo. As folhas, flores e raízes podem ser ingeridas
cruas, cozidas ou refogadas. As folhas cozidas assemelham-se ao espinafre.
Serralha (Sonchus
oleraceus):
Esta planta de folhas verdes é encontrada em muitas regiões
do mundo e é apreciada por seu sabor suave e ligeiramente amargo. As folhas da
serralha são ricas em vitaminas A, C e K, além de minerais como cálcio,
magnésio e potássio. Ela possui propriedades diuréticas, antioxidantes e
anti-inflamatórias, sendo utilizada na medicina popular para promover a saúde
do sistema digestivo e fortalecer o sistema imunológico. A serralha é uma
planta comestível com um sabor levemente amargo que lembra o espinafre. As folhas
podem ser consumidas cruas em saladas ou também refogadas. Também pode ser
usada em sopas, cozidos, recheios para pães, tortas, refogada com polenta,
cozida no arroz.
Azedinha (Rumex
acetosa):
Também conhecida como vinagreira ou acedreira, a azedinha é
valorizada por suas folhas ácidas e refrescantes, que são uma boa fonte de
vitamina C e antioxidantes. Ela possui propriedades diuréticas, digestivas e
anti-inflamatórias, sendo usada no tratamento de problemas digestivos,
inflamações e infecções do trato urinário. De sabor naturalmente ácido, é rica
em ácido oxálico, portanto, deve ser consumida com moderação. Pode ser
preparada crua como salada, refogada, cozida ou em sucos verdes pois deixa um sabor
semelhante ao do limão.
Estas são apenas algumas das muitas plantas comestíveis e
medicinais não convencionais que podem enriquecer a dieta e fornecer benefícios
para a saúde.
A única dificuldade que estas PANCs apresentam é que, por
não ser amplamente conhecidas, devem ser reconhecidas corretamente na hora de
sua recolecção. Depois é só disfrutar
dos seus benefícios.
Nem todas estas plantas são para o consumo diário, sendo que
elas chegam para complementar e potencializar a alimentação.
A nossa recomendação... se informe mais sobre as PANC
(plantas alimentícias não convencionais). A sua mente vais se expandir, verá á
terra s seus frutos com muita mais gentileza e sua saúde... só terá para
agradecer.
Um forte abraço a todos!
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