p. Daniel H. Della Valle Cauci
Hoje vamos a falar de plantas medicinais, que, como todos sabem, são um auxílio maravilhoso para a nossa saúde.
Para muitas pessoas passa desapercebido o fato de que as
primeiras formas de remédio, foram as plantas nos seus mais diversos usos.
E hoje, com a massificação da informação e um certo mal uso
da mesma, existe muita confusão, onde se passa a pensar que um chá de Melissa e
um Clonazepam, por exemplo, sejam caminhos terapêuticos similares ou
intercambiáveis.
Veja bem. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
A utilização da terapia medicamentosa desde a Medicina
possui uma base científica e filosófica que não temos nenhuma intenção de
discutir neste aratigo, dia de hoje.
A fitoterapia por outra parte, que possui sua máxima expressão
dentro de uma filosofia vitalista, integral e holística, se estrutura hoje
sobre o conceito de “totum vegetal”, e se respalda no extenso trabalho de
pesquisa e aprendizado da etnobotánica e da etnofarmacologia.
Usar plantas medicinais para curar ou aliviar nossos
problemas de saúde, não significa praticar a naturologia. A Utilização de
plantas medicinais dentro da filosofia naturoterapêutica se sujeita a uma
filosofia específica que determina uma organização e prioridades. E quando
procuramos em uma planta medicinal, uma ação específica contra algum sintoma
específico, estamos fazendo uso dela como se fosse uma Aspirina, na expectativa
de aliviar sem ter em conta em nenhum momento, o que significa aquele sintoma
específico... o que ele nos diz, nem o que ele nos anuncia...
Algumas sentencias populares podem servir de exemplo:
Que chá é bom para a dor de
cabeça?
A Urtiga é boa para combater o
ácido úrico...
Está com dor de estômago?... Toma Espinheira Santa!
Estes, dentre muitos exemplos de “bons conselhos” no uso de
plantas medicinais, nos ajudam a aliviar determinada condição, mas, não são em
si mesmos tratamentos que visem a cura em termos naturoterapêuticos.
Isto, porque existe uma prática muito mais complexa na
procura do equilíbrio saudável através da naturoterapía, que não se restringe a
abafar sintomas desagradáveis. Na realidade, dentro de uma visão
naturoterapêutica, não se abafam os sintomas..., se tratam as causas.
Essa é uma das confusões que existem quando pensamos na
utilização de plantas medicinais, e existem porque não temos uma real
compreensão dos processos curativos destas preparações, nem de seus enormes
alcances.
Há outras confusões.
Como por exemplo acreditar que por ser natural, não fará mal,
e junto com esta crença, a utilização de plantas que não conhecemos nem
investigamos suficientemente, porque alguém simplesmente a recomendou como
milagrosa...
Outro exemplo, é acreditar que poderemos substituir em
qualquer momento do tratamento remédios químicos sintéticos por remédios
naturais... O consulente pode querer essa substituição, mas, para saber se ela
é possível, é necessário mais que o mero querer.
Podemos utilizar estas plantas.... sim, podemos...
Porém, dependendo de alguns fatores o que realmente importa
é saber quando podemos e quando seria melhor não as usar.
Existem alguns cuidados que deveremos ter em conta.
Principalmente se é que não somos conhecedores do cultivo de plantas medicinais.
Se você tiver esse conhecimento! Vá em frente e curta esse
benefício que vêm direto da natureza.
Plantas medicinais são maravilhosas, mas em determinadas
condições podem não ser tão efetivas e até provocar algumas reações não
desejadas.
Um trabalho da UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA... do seu Departamento
de Farmacognosia, nos diz:
“O uso das plantas medicinais tem que ser feito
cuidadosamente, com muito critério, pois elas não fazem milagres e podem levar
à intoxicação daqueles indivíduos que desconhecem precauções e contraindicações
destas plantas. Às vezes se imagina que o produto, por ser natural, faz bem à
saúde, mas a ignorância do conhecimento sobre os efeitos desejados ou não, pode
ser desastroso.”
O primeiro a dizer é que devemos ter conhecimento
sobre aquela planta que iremos ingerir, e isto supõe que fazermos alguma
investigação para saber seus prós e suas contras.
Em segundo lugar, o cultivo da planta, ou seja, as
condições do solo onde ela cresce, seus cuidados, o modo e o momento da
colheita, a secagem e sua estocagem, farão toda a diferença nos efeitos
medicinais dessa planta.
Um solo pobre em nutrientes, contaminado por caixas sépticas
ou exposto à poluição do trânsito ou de venenos, com pouco o muito sol, uma
planta que não se aclimata corretamente ao clima da nossa casa ou que não
recebe água na proporção em que necessita..., uma colheita na hora errada,
quando os princípios ativos ainda não estão presentes, ou estão presentes numa
proporção muito baixa, assim como a importância da idade de algumas plantas
para serem efetivas no seu uso terapêutico...; a utilização de plantas que
necessariamente devem estar secas para serem usadas, ou não, a secagem
inapropriada com excesso de calor ou de humidade, gerando fungos ou bactérias por
exemplo, assim como um acondicionamento errado das plantas já colhidas em casa,
pode jogar por terra toda nossa boa intenção e o esforço empregado em tal
cometido.
Estes são só alguns das questões a ter em conta
Quando esticamos a mão para pegar algumas folhas da planta medicina
em casa, com sorte teremos algum efeito terapêutico ou tal vez nenhum, mas, em
geral não nos fará mal. Porém, não estamos livres de que em determinadas
condições, uma planta que pode ser medicinal, não atue como tal e nos provoque
desconforto ou intoxicação.
A melhor coisa e aprender sobre as plantas medicinais que temos em casa. Investigue, conheça, saiba quando é tempo de coleta e que parte da planta é para colher...
Aprenda sobre as contraindicações e possíveis efeitos
colaterais. Algum destes efeitos fazem parte de uma crise de cura, normal e
esperada... outros, nos indicam que há algo errado, e, por isso, devemos estar
atentos.
Uma opção sempre é usar plantas compradas em comércios que
tenham bastante giro destes produtos. As lojas naturais recebem junto às
plantas que compram, certificados de produção e da quantidade da parte ativa da
planta. Fora de que já chega seca e pronta para o uso.
Ainda assim, longe estamos de desencorajar o uso de plantas
medicinas de casa. Só queremos incentivar o uso correto e consciente das mesmas,
para termos mais e melhores resultados.
Tenhamos em conta que:
Plantas medicinas são MARAVILHOSAS. Elas funcionam!
POSSUEM SIM efeitos colaterais e contraindicações.
Vamos a nos informar mais e utilizar mais e melhor a
generosidade da natureza brasileira!
Um abraço a todos.
Muita luz!
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