p. Daniel Héctor Delloa Valle Cauci
Em uma publicação anterior, falávamos do que acontece nas consultas iridológicas em atendimento a crianças. Suas dificuldades, seus benefícios, suas particularidades, pois acreditamos que pode ser uma informação interessante tanto para os pais ou responsáveis das crianças, como para os novos iridólogos ou naturoterapeutas.
Agora temos a
intenção de vir a falar sobre a consulta iridológica na
maioridade.
Neste caso, não vamos a referirmos a aquela pessoa
maior que chega ao consultório por seus próprios médios, e sim
daquela pessoa maior que já depende de outras pessoas para seus
cuidados.
A rotina da consulta
pode ser parecida a qualquer outra avaliação, mas apresenta também,
como na iridología em crianças de 4 a 10 anos, algumas
particularidades que devem ser tidas em conta.
Por um lado, já
sabemos a saúde de uma pessoa maior que necessita de cuidados, está
muito fragilizada. As vezes com pouca ou nenhuma mobilidade, com
doenças crônicas ou agudas, problemas de memória, e até pode ser
que de índole emocional. Eles necessitam sim ou sim de uma atenção
dedicada e especial da nossa parte. Necessitam também de um
acompanhante para se trasladar e acomodar no consultório, para
ajudar a apontar as queijas principais, para lembrar os dados de
identificação na ficha, lembrar dos remédios que toma, dos
tratamentos e cirurgias que fez ou está fazendo, etc.
Eles
dependem de alguém que acompanhe e preste atenção à avaliação
iridológica e a nossas recomendações, e até, dependem dessas
companhias para falar por eles o lhes dar segurança.
Mas, isto não significa que o consulente de maioridade, em tanto dependente, tenha deixado de existir como indivíduo; que tenha perdido seu pertencimento nem o lugar que a vida lhe outorgou. Ele existe e é o motivo da consulta. O acompanhante, por ser responsável, não deve se comportar como pai, ou mãe, ou como alguém hierarquicamente superior à pessoa maior… sob pena de que essa atitude venha a desarmonizar um relacionamento, que necessita ser respeitado, e, no desrespeito, gerará algum tipo de consequência, ainda que imperceptível.
Ao acompanhante, seja filho/filha, nora, ou qualquer outro responsável, só lhe caberá comportar-se como ajudante respeitoso. Da mesma forma, o terapeuta não pode tomar decisões que desrespeitem a disponibilidade ao tratamento que ele tem para oferecer, nem as decisões que o próprio consulente maior, está disposto a tomar em relação a sua saúde. Como terapeutas, podemos e devemos respeitar a este consulente e nos adaptar a suas possibilidades, ou, em todo caso, reconhecer que não poderemos ajudar.
É o nosso
dever avaliar, explicar e educar para a saúde. Nesse papel podemos
explicar e até insistir no esclarecimento das consequências de não
fazer algum tipo de tratamento. Só isso.
Claro que este
comportamento não será compreensível para alguém que quer ajudar
“a tudo custo”, seja este ajudante, parente ou terapeuta... Ainda
assim, ainda que pareça que deveríamos fazer mais, será essa uma
atitude sistemicamente correta.
Quando
falávamos do atendimento a crianças dentre 4 a 10 anos, dizíamos
que a responsabilidade e origem dos problemas que poderíamos achar
na saúde de uma criança, em geral se acham na própria família. No
caso da pessoa maior e dependente, sistemicamente poderíamos repetir
esta afirmação. A rede complexa de inter-relacionamentos e sus
consequências quando em desequilíbrio, age tanto vertical como
horizontalmente e o campo de pertencimento não é compreensivo ou
condescendente. Simplesmente existe. Pelo tanto, aquilo que o campo
familiar, ou qualquer outro campo de pertencimento lhe exige como
tarefa, além de tudo o que o indivíduo provoca, através de
transgressões às leis sistêmicas durante a vida toda, será seu, e
disso, não poderá se subtrair.
Mas, existem
diferencias importantes pelo fato de que a pessoa maior, não é uma
criança. Não é e não deveria ser tratada como tal, nem no pior
dos casos de dependência. Ainda no extremo de uma doença totalmente
impossibilitante, a pessoa maior continua sendo maior e qualquer
postura arrogante ou desrespeitosa do parente ou responsável menor,
poderá gerar uma forma de exclusão (pelo esquecimento do seu pleno
direito a pertencer e a sua hierarquia), uma forma de menosprezo, que
prejudicará ao consulente maior por ser excluído do seu espaço
pleno ou por lhe arrebatar direitos e dignidade que lhe pertencem.
Mas não fica por aí. O próprio ajudante o parente, o próprio terapeuta que não perceba sua arrogância se achando melhor, mais sábio e poderoso por estar mais sadio, mais lúcido que o “nosso velhinho”, transgredirá as leis sistêmicas e as ordenes de ajuda, acarretando consequências para si e para seu sistema familiar.
Aqueles que
não conhecem a ciência dos relacionamentos, a que explica a
necessidade de respeitar certas ordens com naturalidade e
assentimento, podem ter certeza de que as consequências não passam
por perder um braço o ficar “careca” (ainda que também) ...
Quando falamos das consequências de não respeitar estas ordens ou
regras, falamos de processos crescentes de desentendimento, de
diminuição da comunicação, de perda de consciência do verdadeiro
espaço que deveríamos ocupar, ou permitir que o outro ocupe...
Falamos de perder de vista o essencial humanamente falando, e que se
expressa na degradação de um sistema (seja familiar ou de outro
tipo), que vai perdendo força e até pode ficar inviável.
É
sutil… as vezes. As vezes pode ser muito sutil. Outras não. Da
mesma forma na qual pode surgir uma avalanche.
Por
outro lado, está a resistência que a pessoa maior têm às
propostas terapêuticas. Uma resistência natural a qualquer mudança
de hábito, a qualquer mudança de rotina, que em geral está
presente nas pessoas maiores e que só terá a força para impedir o
tratamento si quem cuida, não faz seu aporte responsável e, ao
mesmo tempo, amoroso, no apoio, na ajuda e até no alento de tal
empreitada.
Esta resistência, não pode ser considerada uma resistência vazia ou incoerente. Uma resistência teimosa... É parte do seu sistema de defesa, da estabilidade emocional dessa pessoa maior, pois existe toda uma história que desconhecemos, e que não podemos ignorar, simplesmente porque não seja útil ou atrapalhe nossos planos de “ajudar”, bem assim, com aspas, pois ajuda arrogante, não é ajuda que preste.
Claro que é um assunto complexo. Compreender o lugar dos pais ou dos avós, e ainda, compreender a forma em que chegaram a sua idade adulta, e ao lugar que hoje ocupam, é uma tarefa que nem sempre está ao alcance dos descendentes, a não ser através de uma compreensão profunda ou de simplificações que sempre levam a um lugar-comum… ao erro!
Para nós,
terapeutas, uma comunicação efetiva pode ser quase, se não igual
de importante que a própria avaliação. Claro que isto dependerá
do tipo de terapeuta que você pretenda ser.
As vezes devemos
relevar as dificuldades do acompanhante para focar na essência do
adulto maior que é a nossa consulta. Às vezes, com a nossa postura
e atitude, podemos contribuir esclarecendo sutilmente a situação de
desequilíbrio em que essa relação se encontra. Mas, existe um
limite na nossa participação nessa relação; um limite que não
deveríamos ultrapassar.
Você já tentou se colocar no lugar de
uma pessoa maior, dependente..., doente... Não na hora da
consulta... Só como um exercício... como para compreender suas
dúvidas, seus medos, seus mal-estares... Se não... Tente!
Uma
vez que respeitamos nosso consulente, teremos a possibilidade de
conhece-lhe mais, e, fundamentalmente, livre de preconceitos e
imagens que chegam da nossa própria experiência, das aparências e
das primeiras impressões erradas, poderemos receber informações
muito mais confiáveis, como ponto de partida na relação consulente
terapeuta; na construção de um “rapport” que gere a atenção
mútua necessária para uma boa, e de ser possível, positiva
comunicação com o consulente, e que abra um canal de informações
de interesse mútuo.
Feito o rapport e a anamnese que
consideremos apropriada, nos dedicaremos à iridoscopia, tendo em
conta que uma anamnese prolongada, pode ser interessante desde o
ponto de vista das informações que poderemos coletar, mas pode ser
cansativa e repetitiva para o consulente.
Na
iridoscopia, deveremos ter presente que enfrentaremos algumas
dificuldades. Nem todas as pessoas na maioridade, mas uma boa parte
delas, terão dificuldades para abrir seus olhos apropriadamente,
como para obter imagens fotográficas com toda a informação que
necessitamos.
Nem sempre poderemos contar com o
posicionamento adequado da cabeça e a direção certa no olhar do
consulente. O importante é que possamos obter as informações
iridológicas que necessitamos, assim que, muita paciência.
Será
oportuno utilizar a lupa para poder observar algumas áreas
específicas, como às 12 ou Às 6 horas.
Uma outra
questão é que as pessoas maiores sofrem bastante com a iluminação
direta sobre os olhos, por este motivo observações curtas ou
processos fotográficos rápidos serão a melhor opção.
Para
uma melhor obtenção de imagens. Muitas vezes deveremos sair da
nossa postura habitual e chegar perto do consulente, em pé… por
exemplo.
Uma vez que tenhamos obtido as imagens
iridológicas do nosso cliente, passaremos a analisá-las ou, faremos
a iridoscopia com as lupas dependendo do caso.
E que é o
que podemos esperar nestas observações...
Poucas vezes
obteremos imagens limpas; imagens que permitam observar a trama em
toda sua extensão, sem grandes áreas de acidificação ou de perda
de oxigenação tecidual. Quando isto acontece, e as íris se
apresentam limpas, o nosso trabalho será simples.
Mas em
geral não é assim. Em geral, as íris na maioridade, serão um
“caderno de bitácora” ... Um grande resumo da vida do indivíduo,
com alguns detalhes específicos sobre seu momento de vida atual, que
teremos que “garimpar” de entre lógicos sinais de toxemia e
desvitalização.
As toxinas, geralmente ácidas, tanto
pelos hábitos errados como pelo esgotamento funcional do fígado e
dos rins, digamos que... tomam conta da cor dos olhos. A acidez se
apresenta como um esbranquiçamento profundo das íris, onde as
fibras parecem tingidas de cinza e branco.
Aparece
também, pela diminuição da oxigenação do sangue e da própria
córnea, um alô cinza esbranquiçado… uma espécie de enevoado por
vezes esbranquiçado, por vezes branco-amarelado, que nos adverte
sobre a presença de lipídios nestas estruturas. Neste caso, já não
tão impregnado nas fibras irídicas e sim como “ofuscando” a cor
que a textura da íris apresente.
Aqui, podemos observar uma fotografia de íris de pessoa maior, onde podemos
ver “condecorações” do passar do tempo.
Esta é uma fotografia de uma pessoa de 40 anos...
e esta uma de 80, já dependente.
Áreas esbranquiçadas, extensas áreas sem visualização de textura nem trama, onde não é possível observar a cor original das íris e sobre a qual se acumulam várias camadas de toxinas, representadas em camadas de cores diferentes.
É assim que veremos processos de calcificação, diminuição da oxigenação tecidual, acidose, diminuição da circulação, perda de tônus vegetativo, a natural miose das pessoas da maioridade, e outros sinais irídicos que, até podem ser considerados normais e não parte dos problemas de saúde que poderemos resolver.
Sim... o que as íris nos mostram, é o resultado de um balanço vital de muitos anos, e às vezes, são parte dos problemas que não poderemos resolver. Pois não podemos ir contra o tempo, nem contra a biologia.... Não é verdade?
Por isso é tão importante o respeito ao consulente..., por isso é tão importante o rapport e uma comunicação fluida, pois é daí que conseguiremos extrair o máximo do consulente, no referente a seus próprios cuidados; no referente a motivação necessária para ele “se permitir” aderir a um processo de tratamento, que, geralmente, requer modificação de hábitos de vida e a renúncia a algumas “comodidades”... já incorporadas e difíceis de abandonar.
O iridólogo deverá, como dizemos, “garimpar” dentre tantos sinais históricos, aqueles sinais realmente importantes para elaborar corretamente a nossa sugestão terapêutica. O que nem sempre será possível.
Dependendo das condições gerais da saúde do consulente, a recuperação possível dos desequilíbrios funcionais, pode que seja o melhor a ser feito. Cada caso é um caso. Nem sempre resolver um sintoma é o melhor, e, à vezes, resolver um sintoma pode ser pouco estratégico para o equilíbrio geral e vital do consulente.
Dentre as dicas ou conceitos que podemos achar para direcionar os objetivos do trabalho terapêutico, encontramos: “sarar”, “desintoxicar”, até... “tratar situações específicas”. Mas sobre todas estas opções, não poderemos deixar de ter em conta o ser que estamos observando por trás das suas íris. E por tanto, “a procura pelo bem-estar digno” não pode faltar, na nossa atitude de terapeuta-ajudante.
Um forte abraço a todos
Muita luz!
Até!
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