p. Daniel Della Valle
Da mesma maneira em que ao nascermos, pertenceremos
naturalmente a um sistema familiar, o que determina o nosso contexto, acontece
de forma absolutamente natural que, ao nascermos, o fazemos em um momento
histórico único.
AO NASCERMOS, GANHAMOS UM ESPAÇO NOSSO DENTRO DO SISTEMA
FAMILIAR E UMA ORDEM DENTRO DESSE SISTEMA.
Essa ordem de nascimento e o que determina a essência da LEI
DA ORDEM O DA HIERARQUIA, sobre a qual, reflexionaremos. E para começar, posso
dizer que sei que esta lei parece muito rígido e determinista. Parece radical e
fere diretamente nosso sonho de libre arbítrio…
MAS… TER UM CONTEXTO E UMA ORDEM DEFINE MUITA COISA…
SOBRETUDO QUANDO ANALISAMOS AS RELAÇÕES QUE GUARDAMOS COM O NOSSO SISTEMA.
Ordem e hierarquia parecem quesitos de uma lista de virtudes
militares... ou algo assim....
Mas, se permita descobrir o que há detrás desta lei o força
do Amor de Bert Hellinger.
Na primeira lei [Pertencimento] vimos que, ao nascer dentro
do nosso sistema familiar, ganhamos um CONTEXTO e recebemos o direito
indiscutível a PERTENCER a esse sistema...Pode parecer obvio... Uma lei que por
evidente parece ser mais uma redundância que uma lei. Até que... exploramos as
consequências de TRANSGREDIR O PERTENCIMENTO e ver as suas implicações na vida
dos indivíduos, da família ou de uma empresa.
Segundo a LEI DA ORDEM OU HIERARQUIA que vemos hoje, nascer
dentro de um sistema familiar significa nascer em relação ao resto do sistema,
em uma determinada ordem, e juntos, o contexto, que mencionávamos antes e a
ordem, determinam o que chamamos de NOSSO LUGAR.
E, nos adiantando muito dentro da teoria sistêmica, estar no
NOSSO LUGAR, significa viver em equilíbrio, sem gerar consequências ou
emaranhamentos... OLHA QUE IMPORTANTE!
Esta lei trata da ordem de nascimento e do respeito profundo
e referencial pelos mais velhos.
Na nossa cultura ocidental ser um idoso não significa ter
muitas vantagens..., mas, por sorte, não é uma regra.
A antropologia afirma que nas culturas mais antigas,
organizadas em bandos, tribos ou clãs, o que realmente determinava a ordem e a
hierarquia, era a relação de parentesco (familia) e a experiência de vida
(atrelada a idade), e que por tanto, era atribuída a aquele mais velho.
Em algumas culturas extremadamente desenvolvidas como a
japonesa, a chinesa ou coreana, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito,
assim, eles tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos.
O Próprio Bert Hellinger observou essa mesma relação de
respeito com os maiores e com a ancestralidade nas tribos Zulus, durante seu
trabalho na África.
Quase todas as sociedades oferecem um lugar de privilégio as
pessoas maiores em reconhecimento da sua experiência e representatividade.
Por outra parte, a ordem e a organização fazem parte da
nossa realidade, ainda no caos. Partindo da base que somos seres sociáveis,
para assim sermos, respondemos a uma longa lista de normativas e regras de
convivência que deveriam garantir uma interação harmônica e pacífica.
NAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES, A LEI DA ORDEM QUE TAMBÉM SE
DENOMINA DA HIERARQUIA, DIZ QUE EXISTE UMA ORDEM NATURAL E UNIVERSAL, E É
ESTABELECIDA PELA ORDEM DE CHEGADA AO SISTEMA FAMILIAR, O QUE POR SUA VEZ,
ESTABELECE UM VÍNCULO DE HIERARQUIA, ONDE QUEM VEM PRIMEIRO TEM PRECEDÊNCIA
SOBRE QUEM VEM DEPOIS.
Assim, aqueles que vieram antes tem autoridade sobre aquele
que veio depois. Os avós tem precedência e autoridade sobre os Pais, que tem
precedência e autoridade sobre o filho maior, que tem precedência e autoridade
sobre o filho menor... Observando claro, que cada relacionamento possui suas
particularidades. Também em um segundo matrimonio, a segunda esposa, atual, e a
última em chegar...
Na visão e experiência das constelações familiares, os
valores, a história, a força da família, chega até nós como já mencionamos,
VERTICALMENTE, desde a ancestralidade. São eles, os ancestres que modelaram a
vida que chega até nós e continua em nós.
Traz em si, como em um único corpo vivo, o crescimento e a
evolução familiar, seus fracassos, felicidades e traumas, a harmonia e os
conflitos e, TUDO AQUILO QUE ESTE EM DESORDEM, estará, como acontece em um
corpo vivo, em um firme movimento rumo a diminuição da entropia... ou seja, em
procura constante por soluções.
MAS, NÃO SE TRATA AQUI DE SOLUÇÕES INDIVIDUAIS... O sistema
Familiar responde às características de um campo morfogênico, que se
autorregula, assegura sua continuidade e se autopreserva, e, geralmente, uma
vida, a vida de aquele que gera conflitos, não alcança para apreender a viver
de forma equilibrada; para aprender a viver sem gerar consequências e então, os
conflitos e confusões QUE GERAMOS em cada transgressão às leis sistêmicas,
geralmente ficam como herança. como uma “matéria pendente” para que, as
próximas gerações, se encarreguem de restabelecer a ordem, o equilíbrio e o
pertencimento: O que podemos chamar de equilíbrio sistêmico.
Como a água da fonte romana no poema de Conrad Ferdinand
Meyer, algumas vezes utilizado por Bert Hellinger em seus livros, essa herança
e a vida que chega dos sistemas que nos precedem, passa de geração em geração
seja que a gente queira ou não..., com as suas bençãos e seus emaranhamentos.
De todas as formas, a vida que recebemos ao nascer, resulta
ser O MAIOR DE TODOS E QUALQUER PRESENTE QUE POSSAM RECEBER, e, um presente QUE
SÓ PODEMOS AGRADECER E HONRAR COM O RECONHECIMENTO DA PRECEDÊNCIA E O RESPEITO.
Só estamos nesta vida, graças a nossos pais, e eles, graças
aos seus... Essa ordem não é permutável... essa ordem é absoluta... E essa
ordem nos diz que quem nasceu por último é o mais pequeno. Não o menos
importante, não o de menor valor... só o mais pequeno. Que assente ser o mais
pequeno, até que a própria vida e ele mesmo, cresça, ocupe SEU LUGAR e viva sua
vida para tal vez dar lugar a novas gerações.
Junto com o fato de honrarmos a precedência e o respeito
pelos maiores, são parte desta lei algumas outras particularidades, segundo as
diferentes relações existentes dentro de uma família. Sejam do tipo,
pais-filhos, relação entre iguais, relações conjugais, relações hierárquicas
etc., ...
Por exemplo, apendemos que os grandes DÃO e os pequenos
RECEBEM e que os pequenos não devem INTERFERIR nem tentar compreender ou
questionar assuntos pessoais dos grandes.
Tudo isto levou muito tempo para ser compreendido e exposto
na prática das constelações familiares e, neste pequeno resumo, o difícil é
fazer disto algo facilmente compreensível. Não entanto devemos dizer que as
constelações familiares não possui como objetivo explicar tudo e esclarecer
cada fato ou cada situação que surja como uma incógnita ou paradoxo... só se
atém a aquilo que se mostra na prática, dentro do campo de uma constelação.
Mas, como funciona na prática esta lei da ordem?
Existe uma ordem ancestral, aonde a precedência vai naturalmente
desde os mais antigos aos mais novos.
Também existe uma precedência entre os irmãos, dentre os que
nascem antes e os que nascem depois.
Empregados mais recentes de uma empresa devem respeitar os
mais antigos e fica um pouco mais complexa a preservação da ordem e da
hierarquia, mas continua sendo definível, quando, por exemplo, um novo gerente
começa a chefiar um departamento cheio de empregados bem mais antigos que
ele...
Entre cônjuges não há precedência, são os pilares básicos de
uma família, mas, quando existem filhos de outros matrimônios ou esposas ou
esposos anteriores, seja de uma ou das duas partes de um novo casamento, ainda
que pareça um quebra cabeças, e possível compreender a ordem e a hierarquia que
possibilita o novo relacionamento e graças à lei da ordem e as outras leis
sistêmicas, podemos evitarmos gerar conflitos, desentendimentos e exclusões,
assim pomo é possível preservar a força e a luz dos relacionamentos anterioires.
É das transgressões à lei da ordem que surgem uma enorme
quantidade de conflitos, e emaranhamentos, e isso acontece a maior parte das
vezes pela necessidade de manter a nossa BOA CONSCIÊNCIA ou a nossa consciência
“limpa” (conceito resinificado pela filosofia sistêmica).
Bert Hellinger chama isso de Amor que adoece. Pois por amor,
muitas vezes assumimos aquilo que não é nosso, que é dos nossos pais, ou
encargos do sistema familiar, que assumimos inconscientemente por estarmos a
serviço do nosso sistema.
Querer mandar ou dirigir aos nossos irmãos maiores sem
respeito: mandar ou julgar aos nossos pais, Querer ou pretender assumir a dor
de seres queridos que sofrem, viver a vida de um irmão que não nasceu, proteger
a mãe, substituir ao pai... enfim... muitas são as transgressões e muitas as
consequências nefastas e indesejadas que acabam por provocar sofrimento,
fraqueza e doença.
É esse o amor que adoece!
Então, Dentro de um sistema, a ordem e a hierarquia se
determina pela precedência no tempo. Isso significa que aqueles que vieram
antes irão ter autoridade sobre quem veio depois.
Como se pode ver, na realidade, esta lei é muito simples e
possui a força e a validez de uma lei universal, que dá sustento silencioso a
toda relação humana orientada à vida.
Vamos a explorar no próximo artigo a última lei sistêmica:
A LEI DO EQUILÍBRIO OU DE “DAR E RECEBER”
Muita aluz a todos
Um forte abraço
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