Por Daniel Héctor Della Valle Cauci
Uma das
afirmações que mais ouvimos do público que está procurando tratamentos naturais
refere-se à certeza de que estes são mais demorados que os tratamentos médicos.
Efetivamente,
tratamentos medicamentosos no estilo de anti-inflamatórios, antibióticos,
analgésicos, hormonais, etc... possuem geralmente um efeito drástico, rápido,
que pode trazer alivio ao desconforto, diminuição da dor, reações mais
forçadamente resolutivas e quimicamente corretivas em termos funcionais. Em
tanto que pelos caminhos naturais também achamos preparações de ação efetiva
para as mais diversas situações patológicas, mas, em geral, não é exato dizer
que seja a rapidez em se mesma, uma das características terapêuticas da
naturologia. Isto possui como motivos, claros e evidentes, a forma em que ambos
abordagens terapêuticas trabalham, se estruturam, pelas ferramentas que utilizam
e até pelos objetivos que cada uma persegue.
O fato é que
comumente se contrapõem duas propostas de saúde:
A) Um proposto pelo modelo biomédico,
ensinado nas Universidades Médicas e praticado em consultórios e ambulatórios
pelo país todo,
B) e outro proposto neste caso pela
naturologia, mas que se pode estender a uma grande parte das propostas
alternativas de saúde, que o SUS tinha delimitado nas chamadas PICs, Práticas
Integrativas e Complementares.
Estas duas
propostas possuem filosofias próprias que poderiam (ou melhor..., deveriam) ser
complementares e para nada excludentes como o são na proposta original do SUS
(PICs), e como se recomendou na declaração de “Alma Ata”( Conferência Internacional Sobre Cuidados
Primários De Saúde, Alma-Ata, URSS, 6-12 de setembro de 1978, art:7 inciso 7).
Mas, na prática, e graças à mentalidade e atitude inquisionista de uma parte
ilustre e acadêmica da Medicina, se comportam como “água e aceite”.
Duas
propostas de saúde bem diferentes jamais deveriam ser medidas simploriamente
por critérios de eficiência como “velocidade” e “melhora”. Pelo menos, não
deveriam ser parâmetros de eficiência até que se defina velocidade e melhoria,
não em termos de “corrida de sacos”, e sim em termos muito mais humanitários,
visando as verdadeiras soluções na saúde dos consulentes.
As
diferenças são gritantes.
A Medicina
possui uma estrutura e se organiza de uma forma que a Naturologia não pode nem
poderia ter, até por não ser reconhecida na sua integralidade, não ter leis que
ordenem e viabilizem a legalidade dos seus atos e outorguem um marco de apoio
de classe, assim como a suas possíveis estruturas
(consultórios, clínicas e hospitais).
No entanto
que, a diferença de ferramentas e métodos de atendimentos dentre a Medicina e
Naturoterapia, seja abissal, se espera que os objetivos sejam comuns... Errado.
Ferramentas e características do método biomédico como: a alta tecnologia, cirurgias,
uma extensa estratificação do pessoal tanto médico como paramédico, internações,
e
por cima de tudo o tipo de terapia medicamentosa que, usada de forma racional poderia ser de grande benefício, se transforma em uma das formas em que a Medicina mais prejudica ao usuário, por muitos motivos, dentre os quais podemos bem citar o uso irracional e pouco supervisado do próprio médico (isto dito e repetido desde as filas da Medicina). Mais ainda quando a prescrição medicamentosa se baseia num diagnóstico equivocado ou superficial que cada dia mais, apela a um abordagem nosográfica e menos a uma abordagem biográfica dos consulentes. O conceito de “evidência” na medicina, ganhou status de verdade superior e a decisão de prescrever tal ou qual medicamento, em geral, passou a depender diretamente de resultados laboratoriais nem sempre conclusivos. O próprio uso atual e até incompreensível da medicamentação (há muitos exemplos) define a perspectiva reducionista e os interesses a que serve o modelo biomédico.
por cima de tudo o tipo de terapia medicamentosa que, usada de forma racional poderia ser de grande benefício, se transforma em uma das formas em que a Medicina mais prejudica ao usuário, por muitos motivos, dentre os quais podemos bem citar o uso irracional e pouco supervisado do próprio médico (isto dito e repetido desde as filas da Medicina). Mais ainda quando a prescrição medicamentosa se baseia num diagnóstico equivocado ou superficial que cada dia mais, apela a um abordagem nosográfica e menos a uma abordagem biográfica dos consulentes. O conceito de “evidência” na medicina, ganhou status de verdade superior e a decisão de prescrever tal ou qual medicamento, em geral, passou a depender diretamente de resultados laboratoriais nem sempre conclusivos. O próprio uso atual e até incompreensível da medicamentação (há muitos exemplos) define a perspectiva reducionista e os interesses a que serve o modelo biomédico.
Em quanto
aos objetivos, é claro que ambas abordagens procuram a saúde e a melhora da
qualidade de vida, mas, ... O que é que nos mostra a realidade?
O acesso das
pessoas comuns aos serviços de saúde mais sofisticados e tecnologicamente
avançados, considerados “de qualidade”, está barrado. O interesse político mantém
um serviço de saúde em crise que em geral é minimamente paliativo e não cura. E
não é por acaso. Os valores de
atendimento, seguros, dos processos diagnósticos, dos exames, dos tratamentos,
das cirurgias, das internações, .... sustentam uma estrutura e status de
minorias e gera desigualdade, e que a seguir, farão parte das condições socioeconômicas
e culturais que nutrem as causas da perda de saúde que o modelo biomédico não
vê, mas que é perfeitamente visível através do modelo Biopsicossocial.
Graças a
“Hipócrates”, existem excepções e a cada dia mais médicos conseguem ver e
apreender da história da mesma prática médica.
Gratidão.
A
participação da Naturologia até agora modesta pela restrição legal e Médica à
que é submetida, salvo poucas e louváveis tentativas, se baseia no atendimento
individual e não através de medicamentos químicos fortes e iatrogênicos e sim
através de terapêuticas brandas, que se ocupam da liberação das
disfuncionalidades e empecilhos físicos e/ou sistêmicos. Neste tipo de
abordagens não há como tratar (por exemplo) uma bursite sem que melhorem
sistemas orgânico-funcionais inteiros. Já não se trata de uma abordagem mecanicista
e reducionista como é o caso do modelo biomédico e sim dos seus antônimos. Trata
se de um abordagem vitalista e holístico acorde à causação descendente.
O
Objetivo da Naturologia é, segundo meu olhar, ajudar na procura de soluções
positivas e viáveis que contribuam a uma recuperação profunda da saúde e do
bem-estar, sem sair da realidade nem das possibilidades do consulente, sejam
estas familiares, econômicas, sociais, religiosas ou culturais; sem se
posicionar por cima do individuo nem da sua história, por cima da sua biografia,
e sim tendo-a em conta em todo o processo. E todo isto, através de
procedimentos não invasivos, não iatrogênicos, ecológicos e em geral accessíveis;
trazendo à superfície a memória de saúde da pessoa e ativando sua naturalidade e
sua própria força de recuperação. E quando se chega as últimas instancias, também
respeitando os destinos e a dignidade do consulente.
Agora,
analisar o processo terapêutico em termos de “rapidez” e “melhora sintomática”,
de duas formas tão diferentes de encarar a saúde/doença, é minimamente
irresponsável.
Muito fica por ser explicado para que muito possa ser realmente
compreendido se falarmos de qual seria a real efetividade terapêutica dentro de
qualquer um dos modelos terapêuticos propostos.
Bom.... Seguramente
a confusão começa quando se reduz (lembre, reducionismo nem sempre é bom) a
problemática da cura à “velocidade” e
a superficialidade de uma “melhora
sintomática”.
Muita luz!
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